“O que posso tomar para eliminar______?”
"Perco a conta das dezenas de e-mails e mensagens que recebo por dia com a pergunta: “O que posso tomar para eliminar______?” Síndrome do cólon irritável, Doença de Crohn, sinusite, rinite, fibróides, miomas no útero, quistos nos ovários, problemas do sistema nervoso, diabetes Tipo 2, excesso de peso e obesidade, fibromialgia, artrite reumatóide, infecções urinárias, queda de cabelo e desequilíbrios hormonais, problemas dentários e de visão – a lista realmente não tem fim! Há cerca de meia dúzia de ideias centrais que são a base da Naturopatia e que eu tenho repetido de forma contínua ao longo dos últimos anos, mas apesar de tudo os e-mails cuja pergunta central é “o que tomo para eliminar a condição x?” continuam a chover. Isto significa que a mensagem ainda não foi bem transmitida. Por isso mesmo, hoje vou repetir a ideia mais importante que qualquer pessoa precisa de ter presente quando o assunto é regeneração e cura. A coisa que tenho estado a repetir anos a fio é infelizmente a mesma que as pessoas não querem ouvir e assimilar:
A PERGUNTA CERTA NÃO É O QUE PRECISAMOS DE TOMAR PARA ELIMINAR UMA DETERMINADA CONDIÇÃO, MAS SIM, O QUE PRECISAMOS DE DEIXAR DE FAZER PARA NOS LIVRAR DO PROBLEMA.
Precisa de ficar mesmo bem claro que perante a existência de uma das condições acima mencionadas (ou de qualquer outro problema de saúde), não existe nenhuma planta, nenhuma água mágica, nenhum comprimido natural, nenhum pó, nenhum superalimento ou poção miraculosa que por si só nos livrem do problema, se simultaneamente não deixarmos de fazer o que criou o problema em primeiro lugar! Não é por acaso que uma metáfora frequentemente usada em livros e manuais sobre veganismo e naturopatia é a seguinte: Vamos imaginar que temos uma casa que está a arder. Sim, com certeza que mandar uns baldes de água poderá ajudar a apagar o fogo! Mas nenhuma quantidade de água vai apagar o fogo de forma permanente se continuamos repetidamente a espalhar gasolina e a incendiar tudo! É precisamente o que as pessoas tentam fazer ao procurar soluções naturais e continuar a abrir excepções na alimentação! O pão, as massas, os queijos, leites e outros produtos animais, os bolos, o açúcar refinado, as gorduras cozinhadas, o álcool, o tabaco, o stress, o sedentarismo, a falta de descanso, etc. são essa gasolina que continua a manter tudo a arder! A não ser que se elimine de vez o comportamento nocivo, mais nada vai eliminá-lo – não interessa o quão inovador, caro e eficaz possa ser o produto em questão! Todas estas doenças são apenas sintomas, nada mais do que isso. Sintomas de um corpo obstruído e tóxico, que precisa de voltar a uma alimentação, eliminação, funcionamento e estado normal. Ninguém “apanha” diabetes, doenças cardiovasculares, cancros, obesidade ou problemas digestivos dos outros – são condições que nós próprios criamos devido a forma como vivemos, como comemos, como pensamos e sentimos. Estes problemas são o resultado daquilo que temos vindo a escolher continuamente para nos alimentar, para beber, para respirar, para colocar por cima da nossa pele, para pensar e para guardar no nosso coração. Se queremos um resultado diferente, temos que parar de comer e de fazer o que cria o problema e manter essa mudança de forma permanente. Não se trata de “comi tudo cru durante uma semana, mas no fim de semana vieram os meus pais e lá comi um bocadinho de tudo. Não faz mal, pois não?”. Esta inconsistência Não se trata de comprar o que há de bom e de melhor nas lojas de produtos naturais, mas paralelamente continuar a consumir fritos, pão com queijo e peixe várias vezes por semana, esperando que os produtos façam algum milagre. O que vamos tomar é o último passo que precisamos de dar – só depois ou paralelamente com a mudança consistente na alimentação e estilo de vida! Ou seja, arriscando-me a tornar este diário extremamente repetitivo, volto a repetir que se não deixarmos de fazer de forma definitiva o que causa o problema, de nada vai adiantar o que vamos tomar e que alimentos específicos vamos incluir.
Que ordem seguir se queremos melhorar?
Primeiro, precisamos de parar de adicionar as coisas más no nosso organismo – este é o critério mais básico para poder começar a esperar que algum tipo de melhoria apareça. Se eliminamos apenas algumas coisas más, não é realista esperar quetodos os problemas desapareçam.
Depois de eliminar todos os alimentos e comportamentos que contribuem para o nosso problema, precisamos de dar uma boa limpeza a esse corpo – tal como faríamos com uma casa em plenas obras – desentupir os canos, retirar a ferrugem e o bolor, levar o lixo e só depois começar a pintar e a trazer as coisas novas lá para dentro. Certo? Por muito boa que seja a nova pintura e a mobília topo de gama, se pusermos isso numa casa suja, cheia de tralhas e em degradação, vamos continuar a ter uma casa suja, cheia de tralhas e em degradação, que simplesmente ficou ainda mais cheia do que antigamente!
Primeiro temos que saber o que nos faz mal. Depois temos que parar de fazer o que nos faz mal. A seguir limpamos toda a confusão e obstrução criadas. Só depois disso trazemos as coisas boas. E só no fim é que adicionamos os pormenores e extras, que tornam tudo mais bonito e aceleram os processos de regeneração e cura – como é o caso das plantas, de alguns superalimentos e produtos específicos. Eles são importantes e podem ajudar muito, mas nunca são o primeiro passo a dar. Enquanto estamos a avançar e a recuar repetidamente, nunca podemos esperar que os produtos extra nos resolvam os problemas. O ser humano adora “esticar a corda” e ver até quando consegue viver com os seus vícios – é um facto. A questão aqui é que podemos continuar a desvalorizar os problemas e a viver em negação. Estamos no nosso direito de fechar os olhos e continuar a enganar-nos. Podemos até conseguir enganar os outros, se nos empenharmos mesmo nisso. Mas uma coisa é certa: não conseguimos enganar a natureza. Enquanto estivermos a abrir excepções na alimentação numa altura em que já lidamos com problemas de saúde, dificilmente vamos livrar-nos de forma permanente desses problemas de saúde. Simplesmente não acontece. Portanto, enquanto continuamos a atirar gasolina para cima do incêndio, não vale mesmo a pena perguntar se apagamos o fogo com água de pH 7 ou 9.00 – não faz sentido nenhum. Primeiro garantir a base – os pormenores vêm a seguir.
“Mas eu já estou a comer relativamente bem há 2 meses” – dizem algumas pessoas, incrédulas. “Não seria de esperar estar a melhorar por esta altura?” Acontece que muita gente recusa a perceber que a grande maioria de problemas de saúde não são mais do que o resultado de anos de más decisões alimentares e de anos de comportamentos nocivos. Perante este cenário, até que ponto é realista esperar que os problemas desapareçam em 1-2 meses? Aqui espero que ninguém me interprete mal – o nosso corpo é deveras poderoso e por vezes faz autênticos milagres em tempo recorde! Eu própria eliminei a anemia crónica que já tinha há 3 anos e meio (bem como os problemas de défices de ferro de toda uma vida) em apenas 2 meses de alimentação 100% crua! Contudo, de nada adianta ficar impacientes, de cronómetro na mão – isso só cria pressão, ansiedade, stress e dificulta o processo. Basta fazer a nossa parte e esperar pacientemente.
Muita gente pergunta: “mas e quando os problemas aparecem ainda em bebés? Como é que isto se justifica?”. Tal como qualquer adulto, o bebé não é mais do que o somatório dos “materiais” que o construíram. Se temos uma mãe que passou a gravidez a consumir produtos animais, lacticínios, gorduras cozinhadas, alimentos refinados e processados, cafés e depois ainda por cima a criança foi introduzida a esses alimentos na primeira infância, de que é que estará feito o organismo dessa criança? Qual seria a diferença entre essa criança e outra, que foi literalmente feita à base de fruta, vegetais, frutos secos, sementes e alimentos integrais? O que aconteceria se além da determinante da alimentação acrescentarmos um sem fim de vacinas, que essa criança recebeu nos primeiros anos de vida? Ou o facto de continuar a consumir leite, derivados (ou apenas vestígios dos mesmos) no seu dia-a-dia? Porque é que ninguém leva em consideração factores como a qualidade da água, o sedentarismo, o tempo que se passa ao ar livre, entre outros? Quando juntamos tudo isso, de repente vemos que há muito mais do que uma razão que explica na perfeição os problemas que aparecem – em bebés ou mais tarde, ao longo da vida. As pessoas muitas vezes apresentam cenários completamente descontextualizados, que fazem parecer que as doenças caem do céu, literalmente do nada, quando a verdade é sempre bem diferente, e lá no fundo, todos sabemos isso – mesmo quando custa aceitar. Há sempre razão. Há sempre explicação. Mas para compreender e mudar a situação primeiro temos que aprender o que nos faz mal e retirar essas coisas da nossa vida. Depois temos que limpar toda a confusão que nós próprios criamos no passado. E só depois, incluir as coisas boas e começar a esperar que as mudanças positivas apareçam. A fruta e vegetais crus, as plantas medicinais e remédios naturais são extremamente eficazes, desde que tenhamos dado os primeiros dois passos com sucesso! "
Por: Zlati Dencheva, in Diário Vitaliza